Caro João,
Não vou me alongar no assunto “Breaking Bad”, visto que tratei-o longamente num post do meu blog pessoal recentemente. Pontuo somente que o prazer, em Breaking Bad, depende em grande medida do fato de que Walt não é absolutamente mau, e que tudo de mau que ele faz tem um peso que é sempre muito sentido. A série jamais passa levianamente sobre a morte, por exemplo. Prova disso é a maneira como Walt absorve traços de todos aquele que ele mata. A morte é algo verdadeiramente tangível, cujo peso é recuperado em um mundo que não só a transformou em banal – a máfia, o tráfico, a violência de modo geral – como a esconde ou ignora e, portanto, em certa medida a esvazia.
Quanto ao seu sonho, é sempre assombroso observar as sugestões, o mistério, a construção narrativa dos sonhos. Os seus, pelo que você me conta, costumam ter uma qualidade muito particular, uma concisão tremenda, uma simplicidade magnética. Esse assunto dos sonhos é sempre intrigante pois eles (os sonhos) parecem ser a matriz mais básicas das narrativas, de um funcionando semelhante ao do mito. Daí, talvez, a igual força que sentimos ao redor dos mitos.
Mas vamos lá. Sua viagem para o Reino da Dinamarca se aproxima. Que pensamentos assomam sobre a sua fronte?
Um abraço,
Thomaz
Em resposta a: João/Thomaz #12